A inflamação é uma resposta à infecção ou lesão tecidual que ocorre para erradicar microrganismos ou agentes irritantes e para potenciar a reparação tecidual. Quando ativada de forma excessiva ou persistente, a inflamação pode causar o comprometimento de órgãos e sistemas, levando à descompensação, disfunção orgânica e morte. Atualmente, é reconhecido que a inflamação está implicada em diversas doenças, infecciosas ou não, destacando doenças causadas por protozoários e bactérias, a osteoartrite, doenças do sistema cardiovascular, neuropatias, doenças pulmonares, esclerose múltipla e câncer, os quais geram, todos os anos, elevado custo aos sistemas de saúde do país. Apesar deste conhecimento, os mecanismos celulares e moleculares envolvidos na patogenia destas doenças ainda não estão totalmente elucidados, o que implica na limitação diagnóstica e na aplicação de terapias mais efetivas. Assim, o contínuo investimento em pesquisas e treinamento de recursos humanos, no âmbito técnico/científico, é fundamental para o avanço da identificação de novos alvos, que visem o desenvolvimento de estratégicas terapêuticas mais eficazes ao tratamento dessas doenças de natureza inflamatória. Neste contexto, as pesquisas atualmente desenvolvidas nesta instituição, na área de inflamação, englobam três temas principais: 1) bases moleculares e celulares de doenças inflamatórias; 2) identificação de alvos moleculares envolvidos em doenças inflamatórias e 3) desenvolvimento de tratamentos e terapias para doenças inflamatórias.
Linhas de Pesquisa
- Bases moleculares e celulares de doenças inflamatórias
Nesta linha de pesquisa serão contemplados estudos que visam esclarecer os mecanismos subjacentes a participação de mediadores inflamatórios em condições fisiofarmacológicas e o estabelecimento do processo inflamatório da célula ao órgão, em diferentes condições patológicas. A inflamação está presente em diversos processos patológicos e tem sido um alvo terapêutico importante, entretanto, o nosso entendimento de como se estabelece e se a inflamação é causa ou consequência do processo patológico é ainda limitado. Neste sentido, em nossa instituição diversos grupos de pesquisa já estão desenvolvendo estudos que têm como principal finalidade investigar os mecanismos e as repercussões sistêmicas da inflamação. A presente proposta é convergente no sentido de agrupar estes diferentes grupos institucionais, com características multidisciplinares e translacionais, bem como, incluir colaboradores internacionais de reconhecida reputação na área que permitirão avançar no conhecimento científico e de inovação, além de promover a formação de recursos humanos de alta qualidade e avançar na internacionalização. Os principais tópicos a serem abordados são os mecanismos moleculares, celulares, funcionais e integrativos relacionados à inflamação em diversos modelos experimentais fisiopatológicos (in vitro, in vivo, in situ, ex-vivo) incluindo: doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, metabólicas (obesidade e diabetes), infecciosas bacterianas ou parasitárias, neurodegenerativas, autonômicas e hematológicas, endócrinas e reprodutivas. Pretende-se por meio de diferentes abordagens identificar os mecanismos moleculares agudos e crônicos da inflamação, suas repercussões e interações, investigando processos como autofagia, inflamassomas, acetilação de proteínas, alterações epigenéticas, angiogênese, estresse oxidativo, alterações neuro-humorais, repercussões de intervenções como exercício físico, dieta e efeito nutracêutico, imunidade inata, rede de sinalização de receptores nucleares, entre outros. Um dos focos será a abordagem translacional, por exemplo, o estudo de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca e de revascularização, assim como pacientes com doenças inflamatórias do trato reprodutor masculino e de portadores de doenças falciformes.
- Identificação de alvos moleculares envolvidos em doenças inflamatórias
Nesta área do conhecimento, os estudos são voltados para o entendimento das ações de mediadores de diversas naturezas e da caracterização de alvos biológicos, ou biomarcadores, envolvidos em distúrbios ou doenças inflamatórias, visando o desenvolvimento de novos fármacos com atividade anti-inflamatória. Estes estudos estão inseridos em duas frentes de investigação: 1) estudos do papel fisiopatológico de agentes anti- e pró-inflamatórios, e seu mecanismo molecular sobre a resposta celular em determinados órgãos ou sistemas; 2) identificação e caracterização de alvos farmacológicos ou compostos exógenos, com potencial efeito regulatório sobre a resposta inflamatória. Para tanto, são empregados protocolos experimentais in vivo e in vitro, que incluem modelos de inflamação aguda de lesão tecidual e dermatológica e de inflamação crônica das vias aéreas, neurais e sensoriais. Ainda, são utilizadas técnicas de biologia molecular, microscópicas e funcionais, além de análises da biologia de sistemas, como metabolômica e lipidômica.
- Desenvolvimento de tratamentos e terapias para doenças inflamatórias
A inflamação aguda é definida como reação imunológica do corpo Humano com o objetivo de defesa contra elementos estranhos - estes incluem microrganismos e toxinas. Esse processo ocorre em diversas etapas (podendo ser única ou múltipla) com lesões e reparações teciduais em busca do retorno ao estado fisiológico normal. Não raramente, em processos inflamatórios leves a moderados, de curta duração, ocorre a reparação tecidual sem sequelas, no entanto, a severidade com cronicidade do processo inflamatório pode levar a modificações teciduais de diversos graus e contribuir para a indução de várias doenças, podendo levar a falência dos órgãos afetados e até mesmo a morte do paciente. Este projeto tem como objetivo a compreensão fisiopatológica com foco no tratamento e desenvolvimento de terapias de diversos tipos de doenças de cunho inflamatório, que incluem doenças isquêmicas (ex. cerebrais, cardíacas, de membros e de estruturas sensoriais da orelha interna); doenças respiratórias causadas pela poluição ambiental, alergias; doenças metabólicas (como diabetes e suas consequências) e tóxicas (ex. acidentes com toxinas de animais peçonhentos). Dessa maneira, aproveitando os conhecimentos gerados por pesquisas em ciências básicas e translacionais, pretende-se desenvolver terapias baseadas na modulação de genes que controlam a atividade das células inflamatórias (como monócitos e macrófagos), no uso de células-tronco entre outras abordagens que visam potenciais tratamentos anti-inflamatórios e regenerativos.
Países envolvidos
Canadá; Austrália; Reino Unido; Itália; Noruega; Alemanha; Estados Unidos; França; Chile; Costa Rica; Portugal.
Coordenadora
Prof.ª Dr.ª Karina Bortoluci