Projeto monitora biodiversidade no litoral paulista
Pesquisa, financiada pela Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com as universidades federais do Rio de Janeiro e do ABC, mede o impacto da proteção ambiental em unidades de conservação
Ana Cristina Cocolo

Imagem: Fernando Moraes

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Imagem: Leo Francini

As pesquisas de Fábio Motta (de azul) e Guilherme Henrique Pereira Filho envolvem várias unidades de conservação ambiental e contam com a parceria de diversos institutos e órgãos, como a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade / Imagem: arquivo pessoal
O litoral do Estado de São Paulo reserva belezas impressionantes e uma biodiversidade riquíssima que está sendo foco cada vez mais de estudos, principalmente, no que diz respeito à proteção ambiental.
Desde 2015, Fábio dos Santos Motta e Guilherme Henrique Pereira Filho, docentes e coordenadores do Laboratório de Pesquisa em Ecologia e Conservação Marinha (LabecMar) do Instituto do Mar (IMar/Unifesp) – Campus Baixada Santista, estão à frente de um projeto de monitoramento da biodiversidade marinha do litoral paulista, com o intuito de medir os impactos da conservação à longo prazo de três áreas já protegidas: o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos – um dos principais destinos turísticos de mergulho, a 42 km da costa – e as estações ecológicas Tupinambás – que desde 1987 abrange parte das ilhas do Arquipélago dos Alcatrazes, localizado a 34 km da costa de São Sebastião – e Tupiniquins – que abrange as ilhas de Peruíbe, Camboriú, Castilho e Queimada Pequena, localizadas entre os municípios de Cananéia e Peruíbe.
Além delas, a equipe também realiza estudos no entorno da Ilha da Queimada Grande, a 35 km do litoral de Itanhaém e de Peruíbe. A ilha é uma Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) e suas águas integram a Área de Proteção Ambiental (APA) Marinha do Litoral Centro, onde a pesca é permitida. O local também é conhecido como Ilha das Cobras, devido ao elevado número de serpentes da espécie jararaca-ilhoa. Seu entorno é rico em corais, peixes e espécies ameaçadas de extinção, como as tartarugas marinhas.
O projeto Avaliação da Efetividade do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos e das Estações Ecológicas Tupinambás e Tupiniquins, que é financiado pela Fundação SOS Mata Atlântica e conta com a parceria das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e do ABC (UFABC), inclui uma série de estudos que buscam inventariar a biodiversidade, mapear novos habitats e, sobretudo, medir o impacto da proteção ambiental dessas unidades de conservação (UCs).
De acordo com Motta, resultados preliminares de mais de 400 mergulhos e 2 mil fotos realizadas até o momento possibilitaram a descoberta e a caracterização de ambientes marinhos pouco conhecidos, além de uma avaliação geral da “saúde” dessas áreas por meio da análise de organismos (algas, corais e outros invertebrados) nos recifes rochosos e da quantidade (biomassa) e da diversidade de peixes encontrados. “A biomassa de peixes registrada nas áreas protegidas de Laje de Santos e da Estação Ecológica de Tupinambás foi significativamente superior à encontrada na área desprotegida da Ilha da Queimada Grande, ainda que essa área compreenda atributos naturais de grande relevância como, por exemplo, uma cobertura significativa de corais”, afirma.
Para seu companheiro de pesquisas, Guilherme Pereira Filho, apesar dos desafios relacionados à falta de recursos e às ameaças diversas, como a pesca ilegal, as UCs têm conseguido, por meio de parcerias com os centros de pesquisa, avançar e aprimorar suas gestões. Tendo em mente a importância do conhecimento científico na gestão da biodiversidade marinha, o LabecMar tem despendido esforços para implementar um acordo de cooperação técnica entre o Imar/Unifesp e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O acordo visa ao aprimoramento e expansão do programa de monitoramento que, agora, também terá a missão de subsidiar o ordenamento das atividades de mergulho contemplativo no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes. Para essas novas atividades, o LabecMar conta com apoio do Instituto Linha D'Água.
Além das atividades no litoral paulista, o grupo liderado por Motta e Pereira Filho também integra a Rede Abrolhos, que desenvolve pesquisas aplicadas à conservação do Banco dos Abrolhos, localizado no sul do litoral da Bahia. No local, além de monitorarem a “saúde” dos recifes de corais, o grupo estuda a influência do sedimento depositado nas algas sobre o comportamento alimentar dos peixes e a diversidade dos bancos de algas calcárias (rodolitos, também chamados de rochas vivas). “Estamos demonstrando que o aumento de sedimento diminui o quanto os peixes conseguem comer das algas”, explica Pereira Filho. “Se os peixes comerem pouco das algas, elas proliferam-se, levando à morte dos corais”.
Artigos relacionados:
RIBEIRO, Felipe de Vargas; PADULA, Vinicius; MOURA, Rodrigo Leão de; MORAES, Fernando Coreixas de; SALOMON, Paulo Sergio; GIBRAN, Fernando Zaniolo; MOTTA, Fabio dos Santos; PEREIRA, Renato Crespo; AMADO FILHO, Gilberto Menezes; PEREIRA FILHO, Guilherme Henrique. Massive opisthobranch aggregation in the largest coralline reefs in the South Atlantic Ocean: are mesoherbivores underestimated top-down players? Bulletin of Marine Science, v. 93, n. 3, p. 915-916, jul. 2017. Disponível em: <http://www.ingentaconnect.com/contentone/umrsmas/bullmar/2017/00000093/00000003/art00017>. Acesso em: 8 nov. 2017.
AMADO FILHO, Gilberto Menezes; MOURA, Rodrigo Leão de; BASTOS, Alex C.; FRANCINI FILHO, Ronaldo B.; PEREIRA FILHO, Guilherme Henrique; BAHIA, Ricardo G.; MORAES, Fernando Coreixas de; MOTTA, Fabio dos Santos. Mesophotic ecosystems of the unique South Atlantic atoll are composed by rhodolith beds and scattered consolidated reefs. Marine Biodiversity, v. 46, n. 4, p. 933-936, dez. 2016. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s12526-015-0441-6>. Acesso em: 8 nov. 2017.
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Projetos finalizados e em andamento no IMar/Unifesp, financiados por agências de fomento
Rei dos mares em perigo
Núcleo de pesquisa desenvolve marcadores genéticos que auxiliam na fiscalização da pesca ilegal de espécies de tubarão e raias
Lu Sudré

Imagem: enz1m3 (CC BY-SA 2.0)
A captura de tubarões aumentou significativamente nos últimos anos e pode levar algumas espécies à extinção. O alarmante cenário é resultado, principalmente, da intensificação do consumo de uma sopa produzida com as nadadeiras do animal, muito apreciadas em algumas culinárias, especialmente a da China, além do consumo de sua carne. Atualmente a pesca movimenta um lucrativo mercado globalizado, tendo o Brasil como um grande exportador das nadadeiras, que são enviadas principalmente por meio dos portos em Itajaí (SC), Belém (PA) e Natal (RN).
Legalizado no país, o comércio das barbatanas deve seguir regulamentações como a obrigatoriedade de identificação de todas as espécies no livro de bordo das embarcações e em todo o processo até o despacho para China, além da indispensabilidade do desembarque dos tubarões com suas nadadeiras naturalmente aderidas, como forma de combate à prática do finning, método em que apenas as nadadeiras são cortadas, seguido da devolução dos tubarões ao mar. Os poucos tubarões que resistem ao processo sofrem uma morte lenta e dolorosa.
Apesar da lei, a prática ainda é muito registrada. Barcos estrangeiros já tiveram grandes lotes de barbatanas apreendidos devido a irregularidades quanto à declaração das espécies, fato que configura crime ambiental.
A identificação morfológica dos tubarões é um dos empecilhos na fiscalização de diversas espécies protegidas, já que são animais muito semelhantes entre si e que, ainda por vezes, têm suas cabeças e nadadeiras cortadas antes do desembarque, fator que atrapalha o trabalho nas estatísticas pesqueiras. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apenas 20% do total das capturas de tubarões e raias no Brasil recebem alguma menção à classificação taxonômica e, mesmo assim, na maioria dos casos refere-se apenas aos nomes populares, e, muitas vezes, esta identificação é referência para mais de uma espécie.
Coordenado pelo docente Fernando Fernandes Mendonça, o Núcleo de Genética Pesqueira e Conservação (Genpesc) do Laboratório de Biotecnologia Marinha do Instituto do Mar (IMar/Unifesp) – Campus Baixada Santista passou a aplicar a genética forense em tubarões e raias, resultando no desenvolvimento de marcadores genéticos para a identificação das espécies mais frequentes nas pescarias e que pode até mesmo apoiar investigações e processos de órgãos oficiais do governo no combate à captura e comércio de espécies ameaçadas.

Mendonça aplica genética forense para a identificação de espécies desde sua pesquisa de mestrado, desenvolvida em 2006
“As amostras para estudos científicos, pequenos fragmentos de qualquer parte dos tubarões, são recolhidas nos desembarques da pesca e em pontos de venda. Em seguida são levadas ao laboratório para análise. Nesses estudos são comumente encontrados exemplares do tubarão-martelo Sphyrna lewini, dos cações-anjo Squatina guggenheim e Squatina oculta e da raia-viola Pseudobatus horkelli. Todas estas espécies ameaçadas e sob proteção legal com proibição da captura, embarque e comercialização”, afirma Mendonça.
Após desenvolver métodos que utilizam regiões específicas do genoma e geram fragmentos de análises em eletroforese, técnica usada para separar fragmentos de DNA, o Genpesc passou a utilizar também a metodologia de DNA Barcoding, que possibilita a leitura das sequências de DNA em um determinado gene e permite a identificação de espécies de maneira semelhante a um código de barras comum.
Segundo Mendonça, em uma análise de DNA de uma apreensão de nadadeiras efetuada pelo Ibama no litoral do Rio Grande do Norte, foi comprovado o crime ambiental em ao menos 12% das nadadeiras destinadas à China, pela declaração falsa do nome das espécies. Além das declarações falsas, também foi identificado a pesca e comércio de espécies ameaçadas e atualmente protegidas no Brasil, dentre elas o tubarão-das-galápagos Carcharhinus galapagensis, (criticamente ameaçado), cação-fidalgo Carcharhinus obscurus (ameaçado) e tubarão-bico-fino Carcharhinus perezi (vulnerável).
Considerada uma iguaria na China e símbolo de ascensão social, a sopa de barbatanas é um consumo antigo dos povos chineses e, além do status social, foi difundida como um prato de características medicinais e afrodisíacas. Atualmente, existem diversos grupos de ambientalistas que combatem a exploração dos tubarões para este fim. “O fim da cultura do consumo deve ser ainda mais trabalhado do que o próprio combate à captura e comércio dos tubarões”, pontua Mendonça.
Artigos relacionados:
DE FRANCO, Bruno Alexandre; FORESTI, Fausto; MENDONÇA, Fernando Fernandes; OLIVEIRA, Claudio. Illegal trade of the guitarfish Rhinobatos horkelii on the coasts of central and southern Brazil: genetic identification to aid conservation. Aquatic Conservation, v. 22, n. 2, p. 272-276, mar. 2012. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/aqc.2229/abstract>. Acesso em: 10 nov. 2017.
MENDONÇA, Fernando Fernandes; HASHIMOTO, Diogo Teruo; DE FRANCO, Bruno Alexandre; FORESTI, Fábio Porto; GADIG, Otto Bismarck Fazzano; OLIVEIRA, Claudio; FORESTI, Fausto. Genetic identification of lamniform and carcharhiniform sharks using multiplex-PCR. Conservation Genetics Resources, v. 2, p. 31–35, dez. 2010. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/225758438_Genetic_identification_of_Lamniform_and_Carcharhiniform_sharks_using_multiplex-PCR>. Acesso em: 10 nov. 2017.
MENDONÇA, Fernando Fernandes; HASHIMOTO, Diogo Teruo; FORESTI, Fábio Porto; OLIVEIRA, Claudio; GADIG, Otto Bismarck Fazzano; FORESTI, Fausto. Identification of the shark species Rhizoprionodon lalandii and R-porosus (Elasmobranchii, Carcharhinidae) by multiplex PCR and PCR-RFLP techniques. Molecular Ecology Resources, v. 9, n. 3, p. 771–773, maio 2009. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/51119542_Identification_of_the_shark_species_Rhizoprionodon_lalandii_and_R-porosus_Elasmobranchii_Carcharhinidae_by_multiplex_PCR_and_PCR-RFLP_techniques>. Acesso em: 10 nov. 2017.
CAMARGO, Sâmia M.; COELHO, Rui; CHAPMAN, Demian; HOWEY-JORDAN, Lucy; BROOKS, Edward J.; FERNANDO, Daniel; MENDES, Natalia J.; HAZIN, Fabio H. V.; OLIVEIRA, Claudio; SANTOS, Miguel N.; FORESTI, Fausto; MENDONÇA, Fernando Fernandes. Structure and genetic variability of the oceanic whitetip shark, Carcharhinus longimanus, determined using mitochondrial DNA. Plos One, v. 11, n. 5, maio 2016. Disponível em: <http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0155623>. Acesso em: 10 nov. 2017.
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Aquíferos :: Governança das águas subterrâneas requer mais participação civil
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Ecologia e conservação marinha :: Projeto monitora biodiversidade no litoral paulista
Projetos finalizados e em andamento no IMar/Unifesp, financiados por agências de fomento
Governança das águas subterrâneas requer mais participação civil
Governo paulista precisa dar mais espaço à participação da sociedade no processo de tomada de decisões, conclui estudo sobre a gestão dos aquíferos do Estado
Ana Cristina Cocolo

Imagem: Otávio Nogueira
Em um cenário de escassez e grande demanda, o Estado de São Paulo faz uma boa governança de suas águas subterrâneas? De acordo com os primeiros resultados de um projeto que busca avaliar o tema, nem tanto.
O projeto Governança das Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo, aprovado o ano passado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que tem como autora Pilar Carolina Villar, professora do Instituto do Mar (IMar/Unifesp) – Campus Baixada Santista, utilizou a metodologia desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Serra Geral/Guarani, aplicada para avaliar a governança nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Pilar Carolina Villar, professora do Instituto do Mar (Imar/Unifesp)
“A ideia era construir um instrumento que permitisse a comparação do grau de governança no caso de aquíferos compartilhados entre as unidades federativas brasileiras”, explica a docente. “Dessa forma adaptamos 20 itens (veja o quadro), valendo até três pontos cada, divididos em quatro domínios: o técnico, o operacional/legal, o institucional/legal e a coordenação política intersetorial.”
Segundo Villar, o quarto domínio (coordenação política intersetorial) está em processo de elaboração. Os dados avaliados foram retirados de consultas a documentos de órgãos governamentais, como Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SMA), Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Instituto Geológico (IG), Comitês de Bacia, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), entre outros, e apresentados como trabalho de conclusão de curso (TCC) ao Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar (BICT-Mar), do IMar/Unifesp, pelo estudante Valmir Pereira de Freitas Junior.
No quesito técnico, que avaliou a capacidade técnica de monitoramento, dados e base de conhecimento disponível, o Estado pode ser considerado referência nacional, já que alcançou pontuação máxima nos oito itens (24 pontos). “O bom desempenho nesse setor atribui-se ao volume de produções científicas realizadas por agências ambientais, que são atores fundamentais no real panorama da situação na qual se encontram os aquíferos do Estado de São Paulo”, afirma Villar.
No domínio operacional/legal, que avaliou a implementação de planos de ação, o desempenho deixou a desejar. O estudo aponta que o Estado apresentou dificuldades em atender dois critérios importantes desse domínio. Um deles foi o enquadramento dos corpos de água subterrânea conforme os usos preponderantes, que, ao contrário das águas superficiais, até hoje não foi regulamentado pelo Estado. O outro fator questionável é com relação às informações sobre os recursos hídricos subterrâneos, já que seu status permanece como regulamentação, mesmo existindo um sistema denominado Sistema de Informação de Águas Subterrâneas (Sidas), este ainda não se encontra implementado. Dos oito itens avaliados, foram alcançados 21 pontos do total de 24.
O terceiro domínio avaliado, institucional/legal, que afere a política de gestão, bases normativas para regulação e administração das águas subterrâneas, foi o que obteve o pior desempenho. Do total de nove pontos, o Estado agregou seis. “Verificamos que a participação civil na gestão de aquíferos nunca foi um tema prioritário pelo Estado”, explica. “O Estado precisa avançar nesse tema para melhorar sua governança; a nós, como sociedade civil, cabe cobrar de nossos governantes a participação na tomada de decisões, possibilitando a implementação real dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos para águas subterrâneas”.
Segundo dados de 2010 da Agência Nacional de Águas (ANA), 331 municípios do Estado de São Paulo, ou seja, mais da metade do total (645), são abastecidos por mananciais exclusivamente de águas subterrâneas. O restante é abastecido por sistemas divididos entre mananciais de águas superficiais (184 municípios) e por um sistema misto de água superficial e subterrânea (126 municípios).
Critérios |
Pontos atribuídos |
|
Domínio Técnico |
1. Existência de mapa hidrogeológico básico |
3 |
2. Caracterização da água subterrânea |
3 |
|
3. Rede de monitoramento piezométrico |
3 |
|
4. Rede de monitoramento de qualidade da água subterrânea |
3 |
|
5. Avaliação de risco de contaminação da água subterrânea |
3 |
|
6. Base de dados referente à prospecção geofísica |
3 |
|
7. Existência de mapa potenciométrico |
3 |
|
8. Modelos numéricos de gestão de aquíferos |
3 |
|
TOTAL |
24 |
|
Domínio Operacional/Legal |
9. Enquadramento dos corpos de água subterrânea/usos preponderantes |
1 |
10. Outorga de direito de uso de recursos hídricos subterrâneos |
3 |
|
11. Cobrança pelo uso de recursos hídricos subterrâneos |
3 |
|
12. Sistema de informações sobre recursos hídricos subterrâneos |
2 |
|
13. Plano Estadual de Recursos Hídricos / Plano de ação de gestão |
3 |
|
14. Licenciamento ambiental para perfuração de poços |
3 |
|
15. Licenciamento ambiental de atividades poluidoras |
3 |
|
16. Sanções pelo descumprimento da legislação |
3 |
|
TOTAL |
21 |
|
Domínio Institucional/Legal |
17. Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos |
3 |
18. Organização comunitária de gestão de aquíferos |
0 |
|
19. Participação da sociedade civil na gestão de recursos |
3 |
|
TOTAL |
6 |
|
Domínio Coordenação Política Intersetorial |
20. Coordenação entre as políticas de recursos hídricos, ambiental, agrícola, energética, econômica, prevenção de desastres e ordenamento territorial |
não avaliado |
Trabalho de conclusão de curso (TCC) relacionado:
FREITAS JUNIOR, Valmir Pereira de. Avaliação da governança de água subterrânea no estado de São Paulo. 2016. 80 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar) – Instituto do Mar, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2016.
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Por um “meteorologuês” mais utilizável
Pesquisadores criam rede de cooperação entre Brasil, Argentina e Paraguai para suprir as demandas da provisão de informações sobre as variações do clima ao universo de usuários de cada país
Ana Cristina Cocolo
Entender os contextos culturais, sociais e políticos de como as informações sobre o clima são recebidas pela comunidade geral e por alguns setores econômicos – como a agricultura, a gestão de recursos hídricos e a geração de energia elétrica, por exemplo – não é tarefa fácil, mas extremamente importante para um país. Entender os estudos e previsões sobre o clima, e utilizá-los de forma prática, em cada região e área específica, é no que muitos pesquisadores vêm trabalhando incessantemente, como é o caso de Renzo Taddei, professor do Instituto do Mar (Imar/Unifesp) – Campus Baixada Santista.
“O clima sempre foi uma coisa importante, tanto na vida política quanto religiosa da sociedade, muito antes da existência da Meteorologia”, afirma ele. “Uma das hipóteses de o porquê a civilização maia, que era um império, ruiu, foi a ocorrência de uma seca muito grande que acabou desorganizando-a politicamente”.
As linhas de pesquisa do docente, voltadas aos estudos sociais da ciência e da tecnologia, aos conflitos ambientais, à percepção de risco e às controvérsias climáticas, resultaram em uma parceria entre pesquisadores de quatro países – Brasil, Argentina, Paraguai e Estados Unidos – que pretendem, juntos, facilitar esse trabalho com a pesquisa Rumo à uma Ciência do Clima Utilizável. O estudo tem o financiamento do Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais (IAI) e conta com a participação de pesquisadores não só da Unifesp, mas também do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), da Universidade de Passo Fundo (UPF), da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Embrapa Trigo.
A coordenação geral da pesquisa está a cargo da antropóloga e filósofa Cecilia Hidalgo, da Universidade de Buenos Aires. “O projeto é uma tentativa de construir redes de cooperação entre meteorologistas e outros cientistas, particularmente aqueles que trabalham no campo das ciências aplicadas, e, no caso desse projeto, hidrólogos e agrônomos, para que a informação já saia da Meteorologia formatada de uma maneira que se encaixe produtivamente nas formas de trabalho dessas áreas”, explica Taddei.
O estudo pretende entender as causas da dificuldade do uso das informações meteorológicas pela população em geral e por setores econômicos selecionados, integrar estratégias de comunicação climática entre os três países da Bacia do Prata (Argentina, Paraguai e Brasil) e traçar um diagnóstico das necessidades institucionais para suprir as demandas da provisão de serviços climáticos ao universo de usuários de cada país. O foco, à princípio, serão as regiões sul do Brasil, nordeste da Argentina e oeste do Paraguai.
De acordo com ele, a dificuldade de percebermos, mesmo com os melhores equipamentos científicos, as variações e ciclos dos ecossistemas é decorrente do monitoramento sistemático dos ecossistemas e da atmosfera ser ainda recente – datada de 1960 –, o que limita a base de dados históricos a ser usada nos estudos. Além disso, o conhecimento agregado por populações tradicionais que habitam os ecossistemas há centenas de anos – no caso do Brasil, por índios, caboclos, ribeirinhos, etc – é desvalorizada e interpretada como uma visão atrasada e supersticiosa frente ao conhecimento científico atual. “São muito poucas, ao redor do mundo, as iniciativas de transformação de conhecimento tradicional em material que possa engajar-se de forma significativa com as discussões técnicas e científicas a respeito de como entender o meio ambiente e os desastres a eles relacionados”.
Um dos frutos do projeto em andamento consiste na publicação do livro Meteorologistas e Profetas da Chuva, de autoria de Taddei, e a tradução, no ano passado, do guia A Comunicação das Mudanças Climáticas, produzido por um grupo de estudiosos da Universidade de Columbia (EUA), do qual o pesquisador também é membro.
Publicações relacionadas:
SHOME, Debika; MARX, Sabine. A comunicação das mudanças climáticas: um guia para cientistas, jornalistas, educadores, políticos e demais interessados. Edição em português organizada por Renzo Taddei e Ana Laura Gamboggi. Rio de Janeiro: Centro de Pesquisas sobre Decisões Ambientais, 2016.

TADDEI, Renzo. Meteorologistas e profetas da chuva: conhecimentos, práticas e políticas da atmosfera. São Paulo: Terceiro Nome, 2017.

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Trabalho em equipe e ética profissional
Estudo mostra que estudantes estão cada vez mais focados à exigência do mercado de trabalho
Ana Cristina Cocolo
O mercado de trabalho e a rapidez com que a tecnologia avança exigem dos profissionais mais do que habilidades ligadas à sua área de formação (competências específicas), mas também aquelas relacionadas às competências genéricas, ou seja, a capacidade de mobilizar recursos pessoais, como conhecimento, habilidades e atitudes (que, entre outros exemplos, podem ser traduzidos em boa comunicação e trabalho em equipe), aos recursos do ambiente, que refletem diretamente no bom desempenho profissional.
Esses parâmetros já permeiam os cursos de bacharelados interdisciplinares no Brasil, de acordo com Nancy Ramacciotti de Oliveira-Monteiro, coordenadora do Laboratório de Psicologia Ambiental e Desenvolvimento Humano (LADH) do Instituto do Mar (Imar/Unifesp) – Campus Baixada Santista. “É preciso entender e avaliar as condições psicológicas e as competências desses estudantes para traçar possíveis intervenções, tanto no âmbito de aprimoramento do curso, quanto na saúde deles”, afirma.
Um estudo conduzido por ela e que faz parte do projeto Competências e Condições Psicológicas de Universitários, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pretende fazer exatamente isso.
A pesquisadora utilizou o Inventário de Autoavaliação para adultos de 18 a 59 anos (ASR, do inglês Adult Self Report) – para identificar problemas psicológicos – e a Escala de Competências Genéricas (ECG) – para avaliar graus de valoração de 19 competências genéricas – em 224 estudantes do Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Tecnologia do Mar (BICTMar). O trabalho teve a colaboração dos companheiros de departamento, os professores Fernando Ramos Martins e Rodolfo Eduardo Scachetti.

Nancy Ramacciotti de Oliveira-Monteiro, coordenadora do Laboratório de Psicologia Ambiental e Desenvolvimento Humano (LADH)
“A escala é derivada de um instrumento utilizado no Projeto Tuning (http://www.unideusto.org/tuningeu/home.html), que avaliou competências genéricas e específicas de estudantes, profissionais e empregadores em diversos países da América Latina e Europa”, explica. “A ECG utilizada foi uma validação semântica da escala que vem sendo usada na Universidade de La Coruña, com a qual temos um convênio de colaboração mútua no ensino, na pesquisa e na extensão”.
Aptidões
Dados parciais do estudo apontam que, das 19 aptidões mencionadas (veja o gráfico), seis delas destacaram-se entre os estudantes: capacidade de trabalhar em equipe, compromisso ético, responsabilidade no trabalho, capacidade de aprender, preocupação por qualidade e melhoria e a habilidade de adaptar-se a novas situações. “Essas competências não são estranhas àquelas que o mundo do trabalho contemporâneo e a própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) defendem, com ênfase para o trabalho em equipe”, explica Oliveira-Monteiro. “Chama a atenção a alta menção à categoria ‘compromisso ético’, que contrasta com o atual cenário do país”.
“Já a baixa relevância autorreferida sobre as competências adquiridas no curso (conhecimentos básicos da profissão) pode estar relacionada ao fato de ser um curso interdisciplinar, com perfil profissional aberto e flexível, e não de um curso tradicional de áreas clássicas, como Direito, Medicina ou Engenharia”, explica Scachetti. “Outra possibilidade é a característica do próprio mercado de trabalho atual, em que as fronteiras profissionais parecem se erguer com menos rigidez”.
Conhecer para intervir
O desafio de avançar as fronteiras, tanto pessoais quanto sociais, e alcançar o sucesso ou a satisfação profissional pode acarretar no aumento da ansiedade e, em alguns casos, no surgimento de transtornos de ordem psicológica. Entender o que envolve esse processo para conduzir os estudantes para uma formação mais plena e saudável também faz parte do projeto.
Dos estudantes avaliados, 28% apresentaram algum problema psicológico, sendo que 43% apresentam problemas psicológicos de ordem internalizante (como ansiedade, depressão e queixas somáticas) e, 24%, externalizantes (problemas comportamentais, como atitudes antissociais ou ato não pensado). As mulheres parecem ser as mais afetadas. Contudo, a maioria dos estudantes (89%) apresentou recursos, como família e amigos, para lidar com esses problemas.
Em uma análise do conjunto integral dos dados obtidos nas entrevistas percebe-se que as competências capacidades de trabalhar em equipe e de aprender, preocupação por qualidade e melhoria e capacidade de adaptação a situações novas são as com maior frequência de indicação de muito relevantes. Por outro lado, as competências conhecimentos básicos da profissão, resolução de problemas, motivação para o trabalho, capacidade de aplicar os conhecimentos à prática e habilidade de gestão da informação foram as que receberam menor indicação de muito relevante entre todos os entrevistados.

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Técnica utiliza a ressonância magnética nuclear para impedir a paralisação da produção de petróleo
Ana Cristina Cocolo

(Imagem: Stéferson Faria / Ag. Petrobras)
Atualmente o Brasil se encontra na décima posição entre os maiores produtores de petróleo do mundo e na primeira entre os países da América Latina, graças ao pré-sal. Na geologia do petróleo, o pré-sal corresponde às reservas situadas a mais de 7 km de profundidade, entre a superfície do mar e os reservatórios, que ficam abaixo de uma extensa camada de sal.
Para se manter como grande produtor ou superar os líderes, os países precisam de tecnologias cada vez mais avançadas que forneçam informações sobre os métodos adequados de intervenção nos poços, de modo a evitar a precipitação (deposição) de asfaltenos – compostos orgânicos pesados, constituídos por componentes químicos como carbono, hidrogênio, nitrogênio e enxofre –, durante a extração do petróleo cru, e também a obstrução das tubulações de produção. Esse é um dos mais graves problemas operacionais enfrentados pela indústria de petróleo, os quais podem paralisar parcial ou totalmente a extração do “ouro negro”.

Prof. Lucio Barbosa, coordenador do estudo
“Tais compostos são sólidos e ficam suspensos no petróleo, que é líquido. Quando certas condições, como temperatura e pressão, sofrem alterações durante o processo de extração, esses compostos tendem a ficar instáveis, o que leva à sua deposição na coluna de produção”, explica Lúcio Leonel Barbosa, químico e professor do Instituto do Mar (IMar/Unifesp) - Campus Baixada Santista.
De acordo com ele, isso ocorre porque a temperatura na camada de rocha da qual o petróleo é extraído é muito alta, podendo ultrapassar os 100°C. Quando o óleo passa pela coluna de produção, submetido à temperatura da água do mar, normalmente de até 20°C, ocorrem as alterações nos compostos orgânicos. Estes podem, então, ficar depositados nas tubulações, cuja área útil interna é reduzida, diminuindo a taxa de vazão do petróleo.
Um estudo coordenado por Barbosa no Laboratório de Pesquisa em Engenharia/Química de Petróleo (Labpetro) do instituto propõe, no entanto, uma nova técnica, que está em fase de patenteamento. Esse recurso é capaz de prever, in loco, exatamente em que momento a deposição pode tornar-se um risco à produção, utilizando pela primeira vez a ressonância magnética nuclear (RMN) como aliada. “Com as informações sobre a temperatura e pressão locais e a análise de cristais pela ressonância, que emprega um aparelho portátil e despende só 30 segundos para o diagnóstico, é possível ao engenheiro de petróleo tomar medidas preventivas para evitar a precipitação, mudando as condições termodinâmicas da produção”, explica.
A RMN também permite avaliar amostras do petróleo bruto quanto ao teor de água e determinar suas propriedades físicas (viscosidade, acidez e densidade) e químicas (relativas aos compostos orgânicos). Desse modo, é possível estabelecer para qual refinaria de derivados de petróleo (piche, lubrificantes ou combustíveis) a produção deverá ser encaminhada, de acordo com a quantidade e conteúdo de asfaltenos, bem como de outros compostos químicos como parafinas e aromáticos. “A RMN apresenta inúmeras vantagens sobre os métodos convencionalmente adotados pela American Society for Testing and Materials (ASTM), que utilizam solventes tóxicos e são mais demorados e onerosos”, afirma.
Liderança na América Latina
No país, as reservas do pré-sal alcançam uma faixa de cerca de 800 km ao longo do litoral brasileiro e abrangem três bacias, relacionadas a seguir, que se estendem pelos respectivos Estados: Bacia do Espírito Santo (Estado do Espírito Santo), Bacia de Campos (Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro) e Bacia de Santos (Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina). Esta última jazida é, inclusive, uma das mais promissoras.
De acordo com o Anuário Estatístico 2017 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil tornou-se o maior produtor de petróleo da América Latina, ultrapassando o México e a Venezuela. Entre as nações que não integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), foi a que apresentou a maior produção em 2016, superando a Noruega, na Europa, e Omã, país do extremo leste da Península Arábica.
A ANP divulgou que, até o mês de setembro deste ano, a produção do pré-sal correspondeu a 49,8% do total extraído em todo o Brasil. A produção diária, oriunda de 82 poços, foi de 1,351 milhão de barris de petróleo e de 52 milhões de metros cúbicos de gás natural.
Produção de petróleo na América Latina (mil barris/dia) Fonte: ANP |
|||||
2013 |
2014 |
2015 |
2016 |
2016/2015 |
|
Brasil |
2.110 |
2.341 |
2.525 |
2.605 |
3,16 % |
México |
2.875 |
2.784 |
2.587 |
2.456 |
-5,05 % |
Venezuela |
2.680 |
2.692 |
2.644 |
2.410 |
-8,85 % |
Colômbia |
1.004 |
990 |
1.006 |
924 |
-8,12 % |
Argentina |
655 |
641 |
641 |
619 |
-3,31 % |
Equador |
527 |
557 |
543 |
545 |
0,40 % |
Peru |
167 |
169 |
145 |
135 |
-6,63 % |
Trinidade e Tobago |
115 |
114 |
109 |
96 |
-11,18 % |
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BARBOSA, Lúcio L.; SAD, Cristina M. S.; MORGAN, Vinícius G.; FIGUEIRAS, Paulo R.; CASTRO, Eustáquio V. R. de. Application of low field NMR as an alternative technique to quantification of total acid number and sulphur content in petroleum from Brazilian reservoirs. Fuel: The Science and Technology of Fuel and Energy, [s.l.], v. 176, p. 146-152, 15 jul. 2016. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0016236116300205>. Acesso em: 10 nov. 2017.
BARBOSA, Lúcio L.; KOCK, Flávio V.C.; ALMEIDA, Vinícius M. D. L.; MENEZES, Sônia M. C.; CASTRO, Eustáquio V. R. de. Low-field nuclear magnetic resonance for petroleum distillate characterization. Fuel Processing Technology, [s.l.], v. 138, p. 202-209, out. 2015. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378382015300242?via%3Dihub>. Acesso em: 10 nov. 2017.
MORGAN, Vinícius G.; BARBOSA, Lúcio L.; LACERDA JR., Valdemar; CASTRO, Eustáquio V. R. de. Evaluation of the physicochemical properties of the postsalt crude oil for low-field NMR. Industrial and Engineering Chemistry Research, Washington, D. C.: ACS Publications, v. 53, n. 21, p. 8.881-8.889, 28 maio 2014. Disponível em: <http://pubs.acs.org/doi/10.1021/ie500761v>. Acesso em: 10 nov. 2017.
CARNEIRO, Giovanna F.; SILVA, Renzo C.; BARBOSA, Lúcio L.; FREITAS, Jair C.C.; SAD, Cristina M. S.; TOSE, Lilian V.; VAZ, Boniek G.; ROMÃO, Wanderson; CASTRO, Eustáquio V. R. de; CUNHA NETO, Álvaro; LACERDA JR., Valdemar. Characterisation and selection of demulsifiers for water-in-crude oil emulsions using low-field 1H NMR and ESI–FT-ICR MS. Fuel: The Science and Technology of Fuel and Energy, [s.l.], v. 140, p. 762-769, 15 jan. 2015. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0016236114010151>. Acesso em: 10 nov. 2017.
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Estudantes do IMar/Unifesp são capacitados para entender como funcionam reservatórios subterrâneos de hidrocarbonetos por meio da análise de rochas na superfície
Lu Sudré
(Imagem: arquivo pessoal)
A exploração de reservatórios de hidrocarbonetos, substâncias orgânicas que compõem o petróleo, é um dos fatores essenciais para o desenvolvimento econômico de um país. As moléculas do principal recurso não renovável produtor de energia, formadas por carbono e hidrogênio, estão presentes nos poros mais profundos e extensos de rochas sedimentares, e, em busca de facilitar o acesso humano ao ouro negro, projetos têm sido aperfeiçoados a cada dia para otimizar o processo de extração.
Uma formação interdisciplinar para os profissionais da área se faz cada vez mais necessária. Com esse objetivo, a docente Liliane Janikian, coordenadora do curso de Engenharia do Petróleo do Instituto do Mar (IMar/Unifesp) – Campus Baixada Santista, tem se dedicado a projetos de pesquisa com os estudantes da graduação dos cursos de Engenharia de Petróleo e Recursos Renováveis. A investigação busca identificar reservatórios complexos a partir de análises dos afloramentos (rochas expostas na superfície da Terra), com características análogas aos corpos sedimentares e estruturas subterrâneas.
A partir dos conhecimentos da área de Geologia, os futuros profissionais aprendem a analisar as dimensões do material em diversas escalas, suas relações espaciais, e a reconhecer descontinuidades estruturais difíceis de serem imageadas nos reservatórios profundos. Quando estes dados são utilizados de forma complementar aos dados de subsuperfície dos reservatórios, coletados por métodos geofísicos e pelos dados obtidos diretamente nos poços de petróleo, é possível planejar o posicionamento de poços com maior assertividade para uma produção do óleo mais efetiva.

Liliane Janikian, coordenadora do curso de Engenharia do Petróleo do Instituto do Mar
Adquiridas por meio de drones e visitas a campo, as informações - que também são coletadas por pós-graduandos da Universidade de São Paulo (USP), orientados pela docente - são usadas pelos estudantes para a aplicação de diversas técnicas que visam obter uma correlação entre a permeabilidade e as diversas fácies (c0mposição mineral) e elementos arquiteturais das rochas, gerados em bacias sedimentares de distintas idades. Os dados são posteriormente aplicados em um software para criar um modelo geológico análogo ao de subsuperfície. Os pesquisadores trabalham com materiais de unidades sedimentares depositadas em ambientes fluviais, depósitos gerados por rios, mas o conhecimento pode ser aplicado em outras áreas de exploração do hidrocarboneto.
“O objetivo é treinar o futuro pesquisador e profissional da indústria do petróleo para lidar com todas as etapas de aquisição dos dados e as escalas de estudo de reservatórios de hidrocarbonetos, que é um trabalho bastante complexo", afirma Janikian. “As pesquisas auxiliam na criação de modelos geológicos que podem ser utilizados na indústria, mas, principalmente, permitem que os estudantes aprendam a previsibilidade de reconhecimento de camadas menos permeáveis ou mais permeáveis no reservatório análogo ao ambiente que está sendo estudado”.
A docente comenta que, geralmente, os engenheiros da indústria petrolífera são treinados somente quando iniciam no mercado, ao passo que os estudantes da Unifesp já recebem este conhecimento ao longo do curso, além de obterem um conhecimento interdisciplinar mais amplo, e consequentemente iniciam suas carreiras com uma diferença de know-how muito relevante.
“Quanto mais abrangência o profissional tiver em uma formação multidisciplinar, mais chance terá de desenvolver novas tecnologias”, explica a pesquisadora. “Os estudos têm resultados lentos, que às vezes são caros, mas são necessários e compensam. Se conseguirmos uma previsibilidade de uma característica do reservatório que aumente 2% da recuperação do petróleo, já é um grande ganho econômico”.

Estudantes em campo para coleta de amostras dos afloramentos com o objetivo de mapear e descrever suas características (imagens: Arquivo pessoal)
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ALMEIDA, Renato Paes de; GALEAZZI, Cristiano Padalino; FREITAS, Bernardo Tavares; JANIKIAN, Liliane; IANNIRUBERTO, Marco; MARCONATO, André. Large barchanoid dunes in the Amazon River and the rock record: implications for interpreting large river systems. Earth and Planetary Science Letters, v. 454, p. 92–102, 15 nov. 2016. Disponível em: < http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0012821X16304587>. Acesso em: 17 nov. 2017.
ALMEIDA, Renato Paes de; FREITAS, Bernardo T.; TURRA, Bruno B.; FIGUEIREDO, Felipe T., MARCONATO, André; JANIKIAN, Liliane. Reconstructing fluvial bar surfaces from compound cross-strata and the interpretation of bar accretion direction in large river deposits. Sedimentology, v. 63, n. 3, p. 609–628, abr. 2016. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/sed.12230/abstract>. Acesso em: 17 nov. 2017.
TAMURA, Larissa Natsumi; ALMEIDA, Renato Paes de; TAIOLI, Fabio; MARCONATO, André; JANIKIAN, Liliane. Ground Penetrating Radar investigation of depositional architecture: the São Sebastião and Marizal formations in the Cretaceous Tucano Basin (Northeastern Brazil). Brazilian Journal of Geology, v. 46, n. 1, p. 15-27, mar. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2317-48892016000100015>. Acesso em: 17 nov. 2017.
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Potencial não explorado
Brasil desconhece “cinturão solar” como fonte energética
Lu Sudré
(imagem: Designed by evening_tao / Freepik)
Apesar de o Brasil receber uma insolação superior a de outros países, graças à sua extensão e localização geográfica, a energia solar ainda tem participação incipiente em sua matriz energética: representa apenas 0,2% da produção de eletricidade, de acordo com dados disponíveis no Banco de Informações de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (BIG/Aneel). Com o intuito de contribuir para o planejamento do setor, a segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar, publicado no primeiro semestre de 2017, disponibilizou uma base de dados pública com informações cientificamente embasadas sobre o potencial e a variabilidade espacial e temporal do recurso energético solar no território brasileiro.
A partir de informações levantadas ao longo de 17 anos, o estudo foi produzido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com a participação de pesquisadores de várias universidades brasileiras. Fernando Ramos Martins, docente adjunto do Instituto do Mar (Imar/Unifesp) – Campus Baixada Santista, participa do projeto desde a década passada, quando ainda atuava no Centro de Ciência do Sistema Terrestre, no Inpe, e trouxe a pesquisa para a Unifesp.
Fernando Ramos Martins, docente adjunto do Instituto do Mar (Imar/Unifesp)
O atlas indica que há um grande potencial de geração de energia solar não explorado. Martins explica que mesmo a região no país com menor disponibilidade dessa energia, a região litorânea de Santa Catarina e Paraná, ainda apresenta maior disponibilidade que as consideradas melhores regiões da Alemanha, país onde a energia solar tem grande participação na matriz energética e um mercado consolidado.
“O nordeste brasileiro é a região com maior disponibilidade de energia solar, em razão das características climáticas no semiárido. No entanto, grande parte do território que cobre o nordeste, sudeste e centro-oeste do país apresenta recursos de energia solar muitos favoráveis. Essa região vem sendo denominada como o Cinturão Solar do Brasil”, afirma Martins. Mais especificamente, a área vai do nordeste ao Pantanal, incluindo o norte de Minas Gerais, o sul da Bahia e o norte e o nordeste de São Paulo.
Segundo o pesquisador, a energia solar é temporalmente intermitente (ocorre com interrupções) e apresenta elevada variabilidade em razão de sua relação com condições meteorológicas locais, como a cobertura de nuvens, concentração de gases atmosféricos e sistemas sinóticos, que é a área da Meteorologia que descreve, analisa e faz a previsão do tempo em grande escala. Fatores astronômicos associados aos movimentos orbitais e de rotação da Terra também influenciam na variabilidade temporal, e, por isso, estudos como o do atlas, que apresenta informações confiáveis sobre esses aspectos, são imprescindíveis para dar suporte ao desenvolvimento de projetos que visem o aproveitamento dessa fonte de energia.
O atlas foi elaborado com informações de um modelo computacional chamado Brasil-SR, que está adaptado para simular as condições atmosféricas e ambientais típicas observadas no Brasil. O modelo utiliza imagens digitais do satélite geoestacionário Goes, posicionado sobre a América do Sul para estimar a nebulosidade do território brasileiro. O modelo também precisa de dados sobre a topografia e informações meteorológicas que incluem a temperatura da superfície terrestre e umidade relativa do ar.
Martins contribuiu para o aprimoramento da modelagem numérica dos processos físicos da atmosfera para o território brasileiro, assim como no processo de obtenção das informações da nebulosidade a partir das imagens de satélite, etapas fundamentais para a redução das incertezas no aproveitamento da energia solar brasileira.
As dificuldades para o crescimento do uso dessa fonte energética envolvem o custo de investimento e o desconhecimento sobre a disponibilidade da variabilidade temporal do recurso e das tecnologias disponíveis para a conversão da energia solar. De acordo com Martins, os custos estão sendo reduzidos drasticamente com o desenvolvimento tecnológico e o crescimento do mercado a nível internacional. “Acredita-se que em mais dois a cinco anos o custo da energia solar estará equivalente ao da eletricidade produzida pela queima de combustíveis fósseis. O atlas contribui para a disseminação de conhecimento sobre o recurso disponível e fornece dados para elaboração de cenários de uso e estudo de viabilidade econômica do aproveitamento da energia solar”, ressalta o pesquisador.
Artigos relacionados:
LIMA, Francisco J. L.; MARTINS, Fernando Ramos; PEREIRA, Enio Bueno; LORENZ, Elke; HEINEMANN, Detlev;. Forecast for surface solar irradiance at the Brazilian Northeastern region using NWP model and artificial neural networks. Renewable Energy, v.87, p.807 - 818, mar. 2016. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0960148115304249>. Acesso em: 30 out. 2017.
COSTA, Rodrigo Santos; MARTINS, Fernando Ramos; PEREIRA, Enio Bueno. Atmospheric aerosol influence on the Brazilian solar energy assessment: experiments with different horizontal visibility bases in radiative transfer model. Renewable Energy, v. 90, p. 120-135, maio 2016. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0960148115305577>. Acesso em: 30 out. 2017.
NOBRE, André M.; KARTHIK, Shravan; LIU, Haohui; YANG, Dazhi; MARTINS, Fernando Ramos; PEREIRA, Enio Bueno; RÜTHER, Ricardo; REINDL, Thomas; PETERS, Ian Marius. On the impact of haze on the yield of photovoltaic systems in Singapore. Renewable Energy, v. 89, p. 389-400, abr. 2016. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096014811530495X>. Acesso em: 30 out. 2017.
ESCOBAR, Rodrigo A.; CORTÉS, Cristián; PINO, Alan; SALGADO, Marcelo; PEREIRA, Enio Bueno; MARTINS, Fernando Ramos; BOLAND, John; CARDEMIL, José Miguel. Estimating the potential for solar energy utilization in Chile by satellite-derived data and ground station measurements. Solar Energy, v.121, p. 139-151, nov. 2015. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0038092X15004703>. Acesso em: 30 out. 2017.
PEREIRA, Enio Bueno; MARTINS, Fernando R.; PES, Marcelo P.; SEGUNDO, Eliude I. da Cruz; LYRA, André de A. The impacts of global climate changes on the wind power density in Brazil. Renewable Energy, v. 49, p. 107-110, jan. 2013. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096014811200064X >. Acesso em: 30 out. 2017.
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Além de atender às demandas da própria Baixada Santista, estudos multi e interdisciplinares promovidos pelo IMar contemplam as áreas biológica, ambiental e social em uma fronteira do conhecimento que é, cada vez mais, fundamental para o desenvolvimento do país

Fábio dos Santos Motta, professor do IMar/Unifesp e um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisa em Ecologia e Conservação Marítima (LabecMar), realizando censo visual de peixes em Abrolhos (BA) / (imagem: Leo Francini)
A criação do Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) em 2004, no Campus Baixada Santista, expandiu a área de atuação e abrangência da Unifesp. A partir de 2012, quando o Departamento de Ciências do Mar (DCMar) é criado, a Unifesp passa a ocupar uma posição de vanguarda, alinhada com a Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM).
A implementação do Instituto do Mar (IMar/Unifesp), prevista para 2018, ampliará a atuação interdisciplinar na região e consolidará sua atuação pioneira como a primeira instituição federal de ensino superior a instalar-se na costa litorânea do Estado de São Paulo. As ações de ensino, pesquisa e extensão em Ciências do Mar do instituto estão alinhadas estrategicamente às demandas da região e, principalmente, contribuindo com o desenvolvimento do país na formação de pessoal e na produção do conhecimento, tecnologias e inovação. Além dos 3 cursos de graduação já reconhecidos, com avaliação de excelência pelo MEC, o futuro instituto já conta com o Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Ecologia Marinha e Costeira, recentemente aprovado com conceito 4 da Capes e um Programa Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar aguardando parecer da Capes.
As pesquisas multidisciplinares desenvolvidas no IMar/Unifesp contemplam as questões sociais, ambientais e biológicas de grande relevância para a Região Metropolitana da Baixada Santista, que possui o maior porto da América Latina e 39º do mundo por movimentação de contêineres.
A presença do IMar/Unifesp na região é importante também em razão da cidade explorar os setores de turismo, serviços, pesca e desenvolver extensa prospecção da camada pré-sal de petróleo e gás na Bacia de Santos. Estas são as principais atividades que movimentam a economia da cidade, que ocupa o 6º lugar no ranking de qualidade de vida (IDH) entre os municípios brasileiros.
Nas páginas seguintes, apresentamos uma pequena parte do trabalho que é produzido por pesquisadores do IMar/Unifesp.
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Edição 9 - Entreteses
Dezembro 2017
No momento em que os cortes sucessivos no orçamento das universidades públicas e da ciência brasileira ameaçam o futuro do país, milhares de professores, pesquisadores e estudantes se recusam a abandonar seus projetos. E mostram, por meio de novas conquistas no campo da ciência, tecnologia e inovação (CT&I), que a produção do conhecimento é um componente indispensável ao processo de desenvolvimento da nação.
Nesta edição de Entreteses, o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, é o entrevistado e faz um balanço da ciência nacional e do risco de colapso ao qual pode ser submetida se não houver a manutenção mínima de recursos.
Na série especial de capa, apresentamos parte da produção realizada pelo Instituto do Mar (IMar), que evidencia o pioneirismo da Unifesp como instituição federal ao instalar-se na costa litorânea do Estado de São Paulo. As ações de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no âmbito das Ciências do Mar focam três grandes áreas (social, biológica e ambiental), atendem estrategicamente às demandas da região da Baixada Santista e fortalecem o país. Nessas páginas trazemos pesquisas voltadas à melhoria dos processos de extração de petróleo, proveniente tanto da camada de pré-sal quanto de reservatórios subterrâneos. A camada de pré-sal foi uma das descobertas mais significativas da última década em todo o mundo, que incluiu o Brasil entre os dez primeiros países no ranking de produção petrolífera.
Mostramos também que o Brasil tem um cinturão solar, não explorado, para a geração de energia e que uma parceria com a Argentina e o Paraguai permitirá obter informações relevantes sobre o clima, passíveis de ser aproveitadas para a gestão de recursos hídricos, a geração de energia elétrica e até mesmo a agricultura. Ainda nessa série, o leitor poderá aferir a riqueza da biodiversidade marítima brasileira e a importância do monitoramento de suas espécies.
No perfil, fazemos uma homenagem ao crítico e sociólogo Antonio Candido, compartilhando sua rica história de vida e o valor de seu legado para as futuras gerações. Esse trabalho de pesquisa primoroso, realizado por Celina M. Brunieri e Felipe Costa, membros da equipe de Entreteses, é complementado por conteúdos que figuram na versão digital desta edição.
Desejamos a todos uma boa leitura!
Editorial :: Os desafios postos para a pesquisa no quadriênio 2017-21
Carta da reitora :: Cortes em CT&I ameaçam o futuro do país
Entrevista • Luiz Davidovich :: Ciência em colapso
Integridade acadêmica :: Novo escritório vai atuar contra má conduta
Perfil • Antonio Candido :: Um intelectual comprometido com as causas sociais
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