Por Douglas Oliveira
Na última sexta-feira (22/3), o Anfiteatro Leitão da Cunha da Unifesp foi palco de um evento de lançamento marcante para os movimentos de direitos humanos no Brasil. Sob o título Fortalecendo o alcance e o impacto dos movimentos de direitos humanos no Brasil, a iniciativa, fruto de uma colaboração entre a Conectas Direitos Humanos, o Movimento Mães de Maio e o financiamento do Fundo de Nações Unidas para a Democracia (UNDF), visa ampliar a luta por justiça e memória das vítimas da violência estatal no país.
O encontro contou com a presença de autoridades brasileiras e representantes das Nações Unidas, que se reuniram para discutir e apoiar a causa. Entre os presentes estiveram Raiane Patrícia Severino Assumpção, reitora da Unifesp; Javier Amadeo, coordenador do projeto; Débora Silva, representante do Movimento Independente Mães de Maio; Nivia Raposo, representante do Movimento de Mães e Familiares de Vítimas da Violência Letal do Estado; Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública; Aisha Agata, representante da ACNUDH ROSA; Morris Tidball-Binz, perito e Relator Especial da ONU sobre Execuções Sumárias Extrajudiciais ou Arbitrárias; e Gabriel Sampaio, diretor de Litigância e Incidência da Conectas; Sandra Bazzo, Secretária Executiva do Ministério das Mulheres.
Javier Amadeo, coordenador do projeto, enfatizou a importância de dar voz às mães e familiares das vítimas da violência estatal, destacando o caráter colaborativo do projeto, que busca colocá-los no centro do processo de capacitação e produção de conhecimento. "O projeto coloca as mães e seus familiares no centro do processo de capacitação, no centro da produção dos vídeos e que, portanto, tenta construir, digamos, um tipo de relações de construção de conhecimento diferente da forma tradicional como a academia faz. Acho que esse é o ponto fundamental desse projeto", comentou.
Javier Amadeo
O projeto, que abrange quatro estados brasileiros, é resultado de uma colaboração entre diversas instituições, incluindo a Conectas Direitos Humanos, o Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Movimento Independente Mães de Maio e a Universidade de Manchester. Financiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Democracia, visa contribuir para o pleno acesso ao Estado de Direito das famílias das vítimas da violência estatal no Brasil, fortalecendo seu movimento para que suas demandas por justiça sejam mais amplamente ouvidas e reconhecidas.
Gabriel Sampaio, diretor de Litigância e Incidência da Conectas, destacou que o projeto reconhece a capacidade das comunidades afetadas pela violência estatal de produzir elementos probatórios e narrativas, contestando versões muitas vezes criminosas praticadas por agentes do estado, e apontando caminhos para a produção de justiça, respeito à memória e à verdade.
Gabriel Sampaio
"Esse projeto é fundamental porque ele parte de um pressuposto muito básico. Que é reconhecer que as pessoas que estão na comunidade, que mães, familiares, vítimas de violência são capazes de produzir elementos probatórios que são capazes de produzir narrativas, são capazes de contestar versões criminosas muitas vezes praticadas por agentes do estado", explicou Gabriel Sampaio.
Para Raiane Patrícia Severino Assumpção, reitora da Unifesp, o evento e o projeto representam uma materialização da concepção de formação e produção de conhecimento através de parcerias institucionais, visando transformar a realidade por meio de políticas públicas. Sua presença, juntamente com a de representantes de ministérios e organismos internacionais, destaca a importância do reconhecimento do papel das universidades na sociedade.
Raiane Assumpção
“A missão da nossa universidade é formar pessoas, produzir conhecimento e contribuir com o projeto de nação. Então entendemos que articular vários organismos da sociedade civil colocando conhecimento como algo produzido a partir de referenciais teóricos acúmulo científico e experiência das pessoas é algo que faz muito sentido, porque a gente deseja uma sociedade na qual direitos humanos seja um pressuposto", comentou a reitora.
O evento de lançamento não apenas marcou o início de um projeto promissor, mas também ressaltou a união de diferentes setores em prol de uma causa comum: a defesa dos direitos humanos e a busca por justiça e memória para as vítimas da violência estatal no Brasil.
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Fotos: Alex Reipert