Quarta, 21 Fevereiro 2024 08:44

Programa visa gerenciar sangue de pacientes de forma mais segura e eficaz

O programa conhecido como Gerenciamento do Sangue do Paciente ou Patient Blood Management (PBM) é destaque em ações pioneiras da Unifesp na graduação, pós-graduação, residência médica e assistência em saúde

Buscar alternativas clínicas às transfusões de sangue, por meio de um conjunto de opções terapêuticas ao sangue e em sintonia com as evidências científicas mais modernas, é o objetivo de um programa de gerenciamento de sangue do(a) paciente, o Patient Blood Management (PBM), que tem recebido uma atenção especial, desde 2019, por parte da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e do Hospital São Paulo, hospital universitário (HSP/HU Unifesp).

“O PBM está apoiado no uso de opções terapêuticas às transfusões de sangue, que, segundo a literatura científica atual, trazem mais segurança para o(a) paciente, uma vez que receber o sangue de outra pessoa está associado a efeitos inflamatórios e imunomodulatórios importantes. Estes efeitos podem aumentar a chance de infecção, maior tempo de internação, morbidades e mortalidade. Assim, evitar ao máximo o uso de transfusões de sangue na prática em saúde traz mais segurança para o(a) paciente. Além disso, as transfusões de sangue representam um alto custo para o sistema de saúde, e o PBM mostra uma significativa economia de recursos. Há também a perspectiva de cada vez mais escassez nos bancos de sangue por conta do envelhecimento populacional, e os(as) profissionais de saúde precisarão aprender novas estratégias”, explica Isabel Cristina Céspedes, docente do Departamento de Morfologia e Genética da EPM/Unifesp e uma das responsáveis pela implementação do PBM no HSP/HU Unifesp com o apoio do pós-doutorando Carlos Eduardo Panfilio e do doutorando Antonio Alceu dos Santos. Leia mais aqui.

O PBM consiste na combinação de medicamentos, equipamentos e/ou técnicas cirúrgicas, que envolvem aumentar a formação de células sanguíneas, controlar a perda de sangue, maximizar a tolerância à anemia e tomar decisões centradas no(a) paciente. Assim, concentra-se nas suas necessidades e nas condições que geralmente levam a transfusões, gerenciando, de maneira otimizada, o sangue do(a) próprio(a) paciente.

Pioneirismo

De acordo com Céspedes, até o momento, dada a complexidade do programa, a implementação vem ocorrendo nas áreas de Cirurgia Cardíaca, sob a coordenação do docente Nelson Américo Hossne Jr., e Neurocirurgia, sob a coordenação dos professores Manoel Antonio de Paiva Neto e Ítalo Capraro Suriano, além do apoio dos(as) docentes e residentes destas disciplinas. A professora Maria Stella Figueiredo juntamente com a médica Maria Oliveira Barros, ambas da disciplina de Hematologia e Hemoterapia, criaram um Ambulatório de Anemia para o PBM. Outra área de fundamental importância é a Anestesiologia, com a participação da docente Rita de Cássia Rodrigues. Tem sido de fundamental importância o apoio da diretora clínica do hospital, Jaquelina Sonoe Ota Arakaki, que avalia que o PBM requer uma mudança de paradigma, ou seja, existe uma mudança na linha de cuidado do(a) paciente. Também participam das atividades a diretora de Enfermagem do HSP/HU Unifesp, Ieda Aparecida Carneiro, que tem atuado para uma ativa participação da Enfermagem no programa. O PBM será ampliado para as demais especialidades médicas gradativamente. “Trata-se de um processo contínuo, porque o PBM representa uma ressignificação das práticas clínicas e cirúrgicas com base nas evidências científicas”, enfatiza. Todas as informações podem ser consultadas na página do Grupo PBM-HSP/Unifesp.

Como o assunto ainda não está nas diretrizes curriculares do MEC para o curso médico, a EPM/Unifesp instituiu a disciplina eletiva Medicina Transfusional: uma visão atualizada, com ampla participação dos(as) alunos(as). “Somos o único curso de Medicina a ter uma disciplina nessa área, ou seja, nossos(as) alunos(as) de graduação já saem com este novo conceito”, garante Céspedes.

“Na pós-graduação, somos pioneiros no Brasil em ofertar uma linha de pesquisa no tema e, por meio dela, diversos trabalhos científicos estão em andamento no Programa de Pós-Graduação em Medicina - Hematologia e Oncologia, tais como análise dos efeitos epigenéticos das transfusões de sangue (apoiado pela Fapesp), o uso de opções terapêuticas e a educação médica em PBM", ela revela.

Desde fevereiro de 2023, os(as) residentes médicos(as) da EPM/Unifesp contam com uma formação complementar: o curso de capacitação Medicina Transfusional: uma visão atualizada. Inovador e pioneiro no Brasil, ele é obrigatório aos(às) residentes e segue as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que divulgou um documento sobre a necessidade urgente de se implementar o gerenciamento de sangue do(a) paciente em todo o mundo. Mais informações sobre o curso constam neste link.

Evento internacional

Em outubro de 2023, o Grupo PBM-HSP/Unifesp organizou, juntamente com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), o Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Sangue do Paciente (Patient Blood Management - PBM), com a presença dos(as) docentes Axel Hofmann (líder do assunto na Organização Mundial da Saúde), Sherri Ozawa (Englewood Hospital - EUA) e Angel Augusto Perez (Sociedad Iberoamericana de Patient Blood Management), além de professores(as) da EPM/Unifesp. Também participaram autoridades da Unifesp, da Escola Paulista de Medicina, do Hospital São Paulo e da SPDM, além de representantes das secretarias estadual e municipal de Saúde de São Paulo e outros(as) convidados(as). “As ações da Unifesp vêm sendo citadas por diversas instâncias governamentais como um modelo de inovação na área de Medicina Transfusional no Brasil”, complementa Céspedes.

Lido 1321 vezes Última modificação em Sexta, 08 Março 2024 10:45

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