IMar vai pesquisar impactos de mudanças no oceano Atlântico na precipitação de chuva pela América do Sul
Aprovado no 2.º semestre de 2021 em edital do Instituto Serrapilheira, um projeto proposto pelo Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp) - Campus Baixada Santista, irá proporcionar a um grupo de pesquisadores estudar até 2024 os impactos e possíveis consequências das alterações de circulação das águas da porção meridional do oceano Atlântico no regime de chuvas da América do Sul.
O projeto O que acontecerá com a precipitação da América do Sul se (ou quando) a circulação meridional do Atlântico entrar em colapso, receberá recursos de R$ 699.376,00 (mais R$ 100.000,00 no bônus de diversidade) num período de três anos. O geólogo e pesquisador da Unifesp, professor Vinícius Ribau Mendes, coordenador do Laboratório de Estudos do Quaternário (QuaterCost) e da proposta aprovada, explica que os dados gerados a partir do sedimento marinho, depositado ao longo de milhares de anos, permitirão aos pesquisadores envolvidos no projeto definirem o modelo climático que melhor irá prever as mudanças ocorridas no padrão de chuvas da América do Sul em resposta às variações oceânicas.
“Conhecer o passado é a melhor forma de se preparar para o futuro desafiador a que nosso planeta estará sujeito”, enfatiza Mendes, que completa: “uma mudança drástica no regime de chuvas pode causar um grande caos social. A pessoa está lá no interior do Brasil e achar que ela não tem relação nenhuma com o oceano, mas um fenômeno que acontece no mar irá afetar diretamente a vida dela”.
A oceanóloga e pós-doutoranda Priscila Souza (Unifesp) lembra que ninguém pode negar a relevância de entender os padrões de chuva, pois é do grande interesse de todos. “No Brasil mesmo a nossa economia é baseada na agricultura e os sistemas [de plantio] dependem das épocas de chuva e de não chuva”, destaca a pesquisadora.
O projeto envolverá alunos de pós-graduação da Unifesp e também contará com a colaboração de pesquisadores de outras instituições nacionais de pesquisa (USP e Inpe) e alemãs (UniHeidelberg e UniBremen).
“A distribuição da chuva na América do Sul pode mudar muito. Essa é uma das grandes incertezas do país, a disponibilidade de água num futuro próximo, nas próximas décadas, em virtude da mudança climática”, alerta o professor André Sawakuchi, geólogo e pesquisador do Instituto de Geociências da USP.
Vinícius Mendes esclarece que será usada no projeto uma metodologia nova que permite uma resolução maior e nova abordagem para uma pergunta que está em aberto: “O que pode acontecer nos padrões de precipitação na América do Sul se a circulação meridional de revolvimento do Atlântico [AMOC, sigla em inglês] colapsar?”
“Além do reconhecimento científico da proposta, esse resultado corrobora o nosso potencial de nuclear grupos de pesquisa. É mais um fruto colhido que resulta dos nossos esforços, iniciados em 2004, na implementação da expansão dos campi com a mesma excelência que a Unifesp sempre prezou", destaca o diretor acadêmico do Campus Baixada Santista, Odair Aguiar.
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